Smart-Aging
Curioso?
Nas últimas décadas, as temáticas da aterosclerose, do síndrome metabólico e da repercussão cardiometabólica (positiva) das mudanças dos estilos de vida vieram progressivamente cativar a medicina.
Há um interesse crescente pela inflamação crónica e pelo que está a ela subjacente. A par desta busca foi-se paulatinamente entrando no mundo da medicina funcional e da compreensão do envelhecimento. Acredita-se que a “inflamação silenciosa” desempenha um papel importante no processo de envelhecimento e no desenvolvimento de várias doenças relacionadas com a idade.
Mais do que «anti-aging», por envolver a palavra “anti”, como que se de um combate se tratasse, o «Smart-Aging» coloca a pessoa como co-autora da sua saúde, numa atitude vigilante, aceitando o envelhecimento, mas redefinindo-o e, mais importante que tudo, atuando sobre ele.
Parar o envelhecimento é algo contranatura e impossível. Mas há um conjunto de decisões e ações que se podem tomar para que o “envelhecimento seja mais saudável”, permitindo viver-se mais tempo, próximo de quem se gosta.
Elementos chave
A medicina tem evoluído no sentido da superespecialização e a par de um novo modelo de gestão levou a que as consultas se tornassem menos integrativas e mais curtas. A medicina “Smart-Aging ou funcional” rompe com esta visão. Em vez de o médico ser só o “Sherlock Holmes” à procura da doença é também um promotor de saúde. Nessa ótica o médico tem de olhar atentamente para o estilo de vida, escolhas alimentares, padrão de sono, enquadramento hormonal, suplementos que podem ou devem ser dados conhecendo os seus polimorfismos genéticos e ainda para as queixas específicas de órgão.
Para se entender o racional do Smart-Aging importa introduzir conceitos, tais como: Inflamação, epigenética, hormese e autofagia.
O Smart-Aging na Ageless está integrada no conceito global que pauta a forma como a equipa define o envelhecimento. Pretende ter uma abordagem funcional e integrada da pessoa que nos procura. Nesta óptica, procura identificar o motivo que conduziu a pessoa até nós, em vez de apenas compilar sintomas, fazer diagnósticos e… tratar.
Os médicos que têm uma visão funcional da medicina trabalham em equipa com os seus pacientes para entender os desequilíbrios dos seus vários sistemas e desenvolver tratamentos personalizados que vão ao encontro das suas necessidades, integrando-as na pessoa como um todo.
Para além de uma história clínica detalhada visando os vários sistemas, pretende-se proporcionar ao paciente novos métodos de diagnóstico, novas tecnologias, suplementação “tailor-made” e medicação, com base nas análises clínicas (estas encontram-se disponíveis na Ageless diariamente), testes genéticos e outros testes dirigidos a várias áreas, que vão desde o estudo do microbioma intestinal e intolerâncias alimentares até ao estudo da função mitocondrial (local onde é produzida a energia).
- Se quer conhecer e é o gestor da sua saúde pretendendo ser orientado para as melhores escolhas e intervenções com impacto na sua epigenética.
- Pretende controlar os factores de risco cardiometabólicos.
- Apresenta síndrome metabólico (diagnosticado quando existem três dos seguintes factores de risco: obesidade abdominal, pressão arterial elevada, níveis elevados de glicose no sangue, níveis elevados de triglicéridos e níveis baixos de colesterol HDL).
- Apresenta um elevado stress oxidativo.
- Pretende uma otimização do equilíbrio hormonal (menopausa, falência ovárica precoce/prematura, hipogonadismo e “andropausa”).
- Sente falta de “energia vital” e fadiga crónica.
- Apresenta alterações do sono.
- Tem dificuldade em perder peso ou massa gorda.
- Apresenta sarcopenia (perda de massa muscular).
- Deseja uma orientação mais personalizada sobre a sua suplementação não hormonal, integrando os resultados dos seus polimorfismos genéticos, saúde mitocondrial e saúde intestinal.
- Pretende monitorizar os metabolitos intermédios provenientes da suplementação hormonal com estrogénios, algo importante na abordagem das mulheres que optam por fazer reposição hormonal.
O envelhecimento é um processo de inflamação de baixo grau mantido no tempo. Esta inflamação crónica pode ter efeitos significativos no epigenoma (conjunto de DNA e proteínas associadas a ele). Sucessivos “insultos” ao nosso epigenoma, “riscos no meu CD”, contrariamente ao que se pensava há alguns anos atrás, é que vão dar origem às doenças crónicas e ao envelhecimento.
Nos últimos anos tem vindo a ser cada vez mais evidente o impacto dos nossos estilos de vida sobre a epigenética sendo exactamente aqui que podemos fazer mais, melhor e diferente. Epigenética refere-se a proteínas associadas ao DNA que podem influenciar a actividade dos genes, ou seja, afectam a expressão dos nossos genes sem alterar a sequência de DNA subjacente.
Com a compreensão do que é a epigenética, podemos acreditar no impacto que as nossas escolhas poderão vir a ter no nosso epigenoma.
Dois gémeos idênticos, separados à nascença com hábitos de vida diferentes, que se encontram ao fim de 30 anos, têm o mesmo código genético. Fruto dos diferentes estilos de vida o seu epigenoma será distinto. Imaginemos que o genoma seria um parágrafo de um texto para cada um dos irmãos que, por serem geneticamente idênticos, têm as mesmas letras a formam as mesmas palavras. Só que a pontuação vai diferir e, logo, a mensagem de cada um dos parágrafos passa a ser diferente! A epigenética é a ciência que lê o parágrafo. O epigenoma não altera o DNA mas decide quais e quantos os genes que vão ser expressos nas células do corpo, os que ficam em ‘on’ e em ‘off’, bem como os genes que vão dar a identidade às células. Este controlo é influenciado pelo estilo de vida, alimentação, exercício físico, inflamação, resistência à insulina e stress oxidativo. Há mesmo muito a fazer!!! Temos de perceber o que cada pessoa pode fazer para modular a expressão do epigenoma. E em cada dia temos a oportunidade de fazer as escolhas acertadas!
No que respeita à doença instalada aterosclerótica e factores de risco cardiometabólicos é preciso notar que anteriormente á doença já existiam alterações passíveis de serem moduladas. Por exemplo, antes de um diabético o ser, muito provavelmente já sería um insulino resistente e, para isso, não sería preciso esperar por uma glicémia elevada para se intervir.
Resistência à insulina é um dos paradigmas do envelhecimento porque ao ter-se a glicose alta – proveniente de inflamação, de inatividade física, de dormir mal, de comer excesso de hidratos de carbono ou da predisposição genética – esta glicose, além de ser utilizada como combustível, pode ligar-se a proteínas e condicionar a perda de função. É preciso eliminar estas proteínas anómalas (maldobradas) e aí o jejum intermitente tem um papel importante. Promove a autofagia, ou seja, a própria célula encarregar-se-á de eliminar as proteínas anómalas e de não acumular “lixo” que mais tarde inevitavelmente tornará esta célula senescente.
Em 2016 Ohsumi recebeu o prémio Nobel de Medicina pelas suas descobertas sobre os mecanismos de autofagia (um processo de reciclagem que ajuda a manter a saúde das células). A autofagia desempenha um papel importante na manutenção da saúde celular eliminando componentes celulares danificados ou desnecessários. Estimular a autofagia através de intervenções dietéticas ou farmacológicas mostrou-se capaz de retardar o envelhecimento a par com diminuição da inflamação e do stress oxidativo.
Estudos têm demonstrado que algumas proteínas, em especial as sirtuínas estão envolvidas na regulação da autofagia. Este grupo de proteínas pode-se ligar-se a outras proteínas como a mTOR e AMPK, ambas também já bem identificadas como tendo um papel importante no envelhecimento.
Porquê falar das proteínas sirtuínas? Porque estas poderem ser estimuladas por uma variedade de factores, incluindo intervenções dietéticas, exercício físico e restrição calórica.
É um fenómeno biológico onde um estímulo «stressor» pode ter um efeito benéfico no organismo, frequentemente por estimular uma resposta adaptativa.
Sabemos que ao mimetizarmos situações de “ameaça” ou “carência” os nossos genes da longevidade são colocados em modo “on”. Exemplo disso é o jejum intermitente e o exercício. Atenção que não basta fazer jejum intermitente e não ter atenção ao período da janela alimentar com desatenção aos picos de glicose. Com o exercício físico passa-se o mesmo, não basta caminhar!!
Com base no que se sabe hoje este momento é aconselhável no indivíduo assintomático a partir dos 30 a 35 anos para conhecermos as suas suscetibilidades genéticas. O conhecimento dos polimorfismos genéticos (SNP) pode ajudar a explicar a suscetibilidade a doenças, como as pessoas vão responder a determinados fármacos e quais as escolhas alimentares mais adequadas. O conhecimento de certos SNP, por exemplo como se processa a destoxificação hepática, é importante nas mulheres que querem fazer terapêutica hormonal de substituição.
Homens e mulheres têm diferenças e as situações mais comuns de preocupação também diferem mas Smart-Aging é aplicável ao ser humano e não a um género em específico.
A terapêutica hormonal pode ser realizada na mulher (quando há falência ovárica prematura, na perimenopausa e na menopausa) ou no homem (hipogonadismo ou “andropausa”). Ao permitir estender o número de anos de vida saudável das pessoas as sociedades podem beneficiar de oportunidades do ponto de vista social e económico, que advêm de uma população mais velha, mas activa e vibrante.
Sinais de alerta para a mulher:
- Incapacidade de perder peso
- Fadiga, insónia e irritabilidade
- Alterações do humor
- Alteração da qualidade do sono
- Perda de memória
- Alteração do padrão do período menstrual
- Pele fina, flácida e seca
- Alteração da líbido
- Perda de massa muscular
A terapêutica hormonal bioidêntica é uma nova forma de tratar as pessoas e de aumentar a sua qualidade de vida devendo ser iniciada na altura do aparecimento dos primeiros sintomas, enumerados anteriormente e, naturalmente, desde que não hajam contra-indicações. Estudos científicos recentes têm elucidado a comunidade científica quanto ao tipo de reposição hormonal mais adequada e quanto à via de administração de fármacos para a efetuar. As guidelines das Sociedades Europeia e Americana de Menopausa também têm sofrido alterações.
Sinais de alerta para o homem:
- Má qualidade de vida e fadiga
- Depressão
- Ansiedade
- Dificuldade de concentração
- Perda de memória
- Distúrbios do sono
- Disfunção eréctil/impotência
- Perda de libido e desinteresse sexual
- Fadiga
- Perda massa muscular / aumento massa gorda
- Dificuldade de concentração
- Obesidade
- Diabetes
- Fracturas ósseas
- Atrofia do pénis e testículos
- Perda de pêlo (também púbico)
- Aumento da gordura abdominal
- Pele fina e flácida
O processo de envelhecimento hormonal saudável do homem reveste-se de particular atenção no que respeita à otimização dos níveis hormonais. O homem não tem uma verdadeira “andropausa” pois não há uma cessação abrupta (pausa) na produção de hormonas sexuais e, por isso, mesmo, as manifestações clínicas são mais progressivas. Cerca de 25% dos homens com mais de 65 anos terão níveis baixos de testosterona total e 50% dos homens com mais de 65 anos terão níveis baixos de testosterona livre.
A testosterona tem um papel muito importante salientando-se em especial a sua ação a nível da memória, da capacidade de concentração, da energia, da libido, da massa óssea e da tonificação muscular.